terça-feira, 24 de maio de 2011

Mais uma vez o Pará está de luto!



Mulher guerreira foi Maria do Espirito Santos, que junto com seu marido defendeu os interesses dos amazonidas. Lembro-me muito bem de sua ardua caminhada em busca de uma formação, quando no final da decada de noventa inicio do século XXI ela adentrou no Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), pelo qual concluiu ensino fundamental e médio e no mês de julho desde ano iria colar grau em Licenciatura Plena em Pedagogia (Pedagogia do Campo) pela UFPA, portanto uma educadora popular, uma educadora ambiental.
Até quando iremos ver pessoas de bem morrerem e a maldade prevalecer nesse país? Até quando nossa sociedade vai aguentar essa banalização da vida? Não é mais uma a “tombar”, é Maria do Esperito Santos, é seu Marido.
Será que todos que pensam o mundo pelo olhar da caridade, do amor, do respeito ao próximo, da vida em harmonia com os elementos da natureza terão que morrer ou então para não morrermos, teremos que ser maus? Que mundo teremos para viver? Será que iremos sobreviver? Ou tudo arderá no caldeirão de fogo das indústrias guseiras de Marabá?
Temos que lembrar que a luta não é apenas de Maria do Espirito Santos e de seu Marido José Claudio Ribeiro da Silva e tantos outros Josés e Marias que vivem no campo defendendo a qualidade de vida no planeta, as vidas ameaçadas pelos madeireiros, fazendeiros e carvoeiros são de todos nós. Ou mudamos isto ou seremos os próximos a tombarmos pelas balas de ferro produzido pelas guseiras saídas de armas como águas poluídas, ar inrespirável, calor insuportável, alimentos contaminados, ausência de alimentos, escravidão que chamam de emprego, sociedades insustentáveis…

José Claudio chegou a dizer "“Eu poderia estar hoje falando com vocês e em um mês vocês terão notícias de que eu desapareci. Eu protegerei as florestas a qualquer custo. É por isso que eu poderia receber uma bala na cabeça a qualquer momento… porque eu denuncio os madeireiros e produtores de carvão e é por isso que eles pensam que eu não posso existir. As pessoas me perguntam, ‘você tem medo’? Sim, sou um ser humano, naturalmente que tenho medo. Mas meu medo não me silencia. Enquanto eu tiver força para andar eu vou denunciar todos aqueles que danificarem a floresta”
E no dia 24 de maio de 2011, cruel e corvadimento José Cláudio Ribeiro da Silva e sua esposa Maria do Espírito Santo foram executados, no município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará. Os dois eram moradores do Projeto de Assentamento Agroextrativista Praia Alta – Piranheira. Defendiam um desenvolvimento econômico baseado na sustentabilidade das famílias e do ambiente em que viviam.